O Canal Afro

O tempo é agora…

Mudamos de endereço…

Ao nosso amigos e seguidores queremos dar uma satisfação, já que mudamos de endereço e paramos de postar aqui. Bom! Acontece que tivemos algumas dificuldades com a migração para o WordPress.org, mas já esta tudo resolvido. Esperamos encontrar vcs no nosso novo endereço.griot

Visite-nos estamos esperando por você

http://griotbrazil.com.br/ 

Em processo de reestruturação…

Boa tarde!

Ficamos um tempinho sem estar postando no blog/site afro21 pois estamos num processo de reestruturação. Em breve estaremos operando no worpress.org e não mais no wordpress.com. Quem conhece e sabe como funciona a estrutura de ambos nem vai estranhar, afinal esse acaba sendo um caminho quase inevitável para quem busca mais autonomia e profissionalismo. Acontece que nem sempre esse processo de migração é feito de maneira rápida, então acabou que levamos um tempo maior do que o esperado por nossa equipe.

Todavia, ainda estamos aqui e assim que tudo estiver pronto gostaríamos de contar com o apoio de todos os nossos seguidores e amigos para fazer de nossa nova casa um espaço súper especial e propício para podermos trabalhar em prol das mudanças que tanto almejamos para esta sociedade.

Prettu Júnior

O editor

 

 

 

 

 

Enquanto a mídia nacional passa novela o mundo cai sobre sua cabeça…

A exemplo de 2013, a mídia brasileira resolveu atacar os manifestantes ao invés de fazer um jornalismo isento e honesto. Naqueles dias o aumento nas passagens de ônibus foram o estopim que levou milhares de pessoas as ruas para protestar, desta vez o problema é ainda maior, pois envolve corrupção, descaso com o dinheiro público, recessão, desemprego e uma proposta doentia de um governo sem legitimidade e apoio popular para propor uma reforma na previdência que significa o fim das garantias fundamentais previstas na legislação brasileira.

Segundo o The Guardian um dos porta-vozes do governo, Alexandre Parola, minimizou o significado da ação industrial. “Uma greve é ​​parte da democracia. É aceitável, desde que os participantes fiquem dentro da lei. O país ainda está funcionando “, observou.

O desligamento não foi total. No Rio, as empresas de ônibus e metrô executaram um serviço reduzido. A maioria das lojas e bancos permaneceu aberta. Mas os estudantes ficaram em casa e houve confrontos entre manifestantes e policiais no aeroporto de Santos Dumont e no terminal de ônibus principal. São Paulo foi mais duramente atingida, com o fechamento de muitas linhas de ônibus e ferozes confrontos na estrada para o aeroporto de Congonhas. Mais protestos foram esperados no final do dia.

“Será a maior greve da história do Brasil “, disse Paulo Pereira da Silva, presidente do sindicato Força Sindical.

Nara Pavão, professora do departamento de Ciências Políticas da Universidade Federal de Pernambuco, disse que será a maior mobilização desde 1996. Ele viu isso como um sinal de uma crise de representação enquanto os eleitores se sentem traídos pelos políticos.

Flávia Biroli, professora de ciência política da Universidade de Brasília, disse que os cortes de austeridade planejados haviam provocado a ira pública.

“A greve geral mostra que os setores organizados da sociedade entendem claramente que as propostas, se aprovadas, serão o fim das garantias fundamentais previstas na legislação brasileira, o que aumentará a instabilidade e a pobreza”.

the guardian

Buses burn during clashes in Rio de Janeiro. Photograph: Ricardo Moraes/Reuters

Versão em inglês

Government spokesman Alexandre Parola played down the significance of the industrial action. “A strike is a part of democracy. It’s acceptable as long as participants stay within the law. The country is still functioning,” he noted.

The shutdown was not total. In Rio, bus and metro companies ran a reduced service. Most shops and banks remained open. But students were told to remain at home and there were skirmishes between protesters and police at Santos Dumont airport and the main bus terminal. São Paulo was hit harder, with a shutdown of many bus lines and fierce clashes on the road to the Congonhas airport. More protests were expected later in the day.

“It is going to be the biggest strike in the history of Brazil,” said Paulo Pereira da Silva, the president of trade union group Força Sindical.

Nara Pavão, a professor in the political science department at the Federal University of Pernambuco, said it would be the biggest mobilization since 1996. He saw this as a sign of a crisis of representation as voters feel betrayed by politicians.

Flávia Biroli, a political science professor at the University of Brasília, said planned austerity cuts had stirred up public anger.

“The general strike shows that the organized sectors of society clearly understand that the proposals, if approved, will be the end of the fundamental guarantees provided for in Brazilian legislation, which will increase instability and poverty.”

Leia mais AQUI

Greve Geral…

Sobre essa “Greve Geral” que foi convocada para o dia 28 de Abril de 2017, nós do “Afro21″ temos uma posição bem clara. Primeiro que isso já devia ter sido feito a muito tempo, desde a farça do “Impeachment” da então presidente Dilma Roussseff. Esperamos no entanto que esse povo não pense que o nosso apoio a essa “GREVE GERAL”, signifique uma carta em branco para que eles façam suas negociatas com esses pseudos donos do poder no Brasil. greve-geral-28-04Nós sabemos que muitos desses que hoje estão convocando essa greve, até ontem estavam coligados com os mesmos coronéis que eles dizem estar trabalhando para poder acabar com os direitos trabalhistas adquiridos a custa de muita luta. Sim é verdade que esses sujeitos não querem o bem da população pobre e trabalhadora, mas também é verdade que muitos desses que estão ai, não tem nenhuma legitimidade para se opor a essa covardia. Afinal, eles apoiaram até aqui o desmanche das instituições que se opunham a esse governo ilegitimo.

Ao que parece o que  motivou as centrais sindicais a fazerem essa paralização é o fato de que o governo do Michel Temer (PMDB), insisti em manter uma proposta que visa acabar com a contribuição sindical obrigatória. Isso ira afetar de maneira brusca as receitas dessas mesmas centrais sindicais.11150_FD_1492614242Por isso é provavel que as centrais sindicais e as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo convocaram uma greve geral nacional para a próxima sexta-feira (28) contra as reformas da Previdência e trabalhista propostas pelo governo. Algumas categorias profissionais já confirmaram a adesão à paralisação nas principais capitais brasileiras, enquanto outras agendaram assembleias até a quinta-feira, 27 (hoje) para decidir se vão paralisar as atividades.

Essa mobilização promete afetar serviços essenciais para a população, como o transporte urbano. Também vai ficar difícil voar na sexta-feira. Os aeroviários de todo o país aderiram à paralisação e prometeram cruzar os braços nos principais aeroportos do país. Ao que parece varias outras categorias vão apoiar essa a paralização. Os Bancários, metroviários e motoristas de ônibus de São Paulo, professores da rede pública, petroleiros e servidores de várias regiões do Brasil já anunciaram sua adesão à paralisação nacional.

Esta será a primeira ( esperamos que de muitas) manifestações contra esse Governo que não representa o povo brasileiro. Notamos que desde que as delações da Odebrecht vieram à tona, implicaram ainda mais integrantes do primeiro escalão de Fora Temer e o próprio presidente. Por isso o descontentamento da população só tem aumentado. Então, para fechar de vez a tampa desse caixão foram organizada essa paralizações pelas maiores centrais sindicais do país, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical do Paulinho da Força (Solidariedade) que até pouco tempo atras era aliado do governo, mas que devido ao impasse do imposto sindical deixou a base do mesmo. No outro extremo dessa luta nós vemos os meios de comunição tradicionais, aqueles que detem concessões públicas de rádio e TV se calarem numa clara conivencia com tudo de ruim que este governo vem fazendo com o povo brasileiro…

Por: Julia Noiz

Manifestações populares e a falta de capital…

Por: Bruno Rico

O irmão Rafael Braga foi condenado a 11 anos de prisão. Ainda cabe recurso em uma instância superior, e é por isso mesmo que a galera (pelo menos eu espero que seja realmente uma galera) vai se reunir na terça-feira, 25/04, às 19 horas, na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro. Essa reunião é extremamente importante, pois já passou da hora de nos unirmos para traçar medidas efetivas e inteligentes em prol dos nossos irmãos, estamos caindo de todas as formas, a bala do Estado nos tomba da mesma maneira que o martelo racista desse mesmo Estado, e os danos também são inúmeros.

Eu não vou explicar o caso Rafael Braga aqui, já tem inúmeros textos sobre isso na internet, o irmão já está preso há anos, a campanha possui expressão internacional e eu acho que – as pessoas que dizem se importar com o próximo – têm a obrigação de saber, pelo menos, alguns detalhes sobre este caso, porque senão a gente só fica andando em círculos e a gente tá sem tempo pra isso, a causa é urgente, é corpo preto tombando toda hora, a demanda de corpos na favela segue em grande escala e a gente precisa ser mais objetivo e aprender a otimizar todas as formas de luta. O inimigo faz isso direto, por que a gente não pode ser mais estrategista?

Posto isso, eu quero focar no capital, ou melhor, na falta dele e o quanto isso interfere na nossa luta diária.rafael3

Eu já fui a alguns atos, em diversas reuniões que só resultarem em teorias, e muitas vezes ouvi o seguinte: “Pô, irmão, estava realmente querendo ir, mas tô até sem o da passagem pra poder colar”. Toda vez que eu ouvia isso, dava vontade de puxar uma grana e falar pra pessoa ir, que chegando lá eu daria a passagem, pois eu sabia que aquela pessoa somaria e seria de extrema importância na causa; mas cadê que eu conseguia fazer isso? Como que eu iria fazer isso se às vezes eu mal tinha pro meu deslocamento?

Aí, no meio de tudo isso, eu também fico me perguntando onde tá aquela galera que fica no facebook falando que quer mudar o mundo, tem grana pra poder ajudar em coisas pontuais e mesmo assim não o fazem, a gente que tem que ficar dando jeito em tudo. Lembro até hoje de uma cena que me marcou bastante e também envolve essa questão do capital. Era um dos protestos do caso de Costa Barros, na verdade era a reconstituição do crime, eu estava lá, uma das mães me conheceu, veio falar comigo, de forma muito afetuosa, por sinal, e no meio da conversa ela me pediu um trocado pra comprar uma caixa de leite pra filha mais nova. Porra! Isso é complicado demais, dá uma tristeza tremenda ver que uma mãe teve o filho assassinado pelo Estado e ela sequer tem um leite pra dar para os filhos, o mais triste é saber que você também não tem pra dar, pois também tá ali no veneno, mas faz um corre com alguns irmãos e irmãs pra tentar resolver aquela situação. E essa é a nossa vida de militância, quem tá nesse meio sabe bem o drama que é ficar nesse corre de resolver pequenos problemas, mas faz parte, pois precisamos fazer alguma coisa. Mas não deveria ser assim! Não é pra ser assim! Estamos passando veneno demais, o empoderamento que tanto se fala precisa ser efetivo e precisa aparar todas as arestas, e uma dessas arestas está na grana que nós ainda não temos.rafael bOlha o ato dos playboys, tem micareta e tudo. Olha os nossos atos, é uma correria danada pra fazer uma simples faixa e conseguir imprimir cem panfletos. Tudo está ligado ao capital, tudo! Não estou aqui pra falar de Marx, estou aqui pra falar das nossas dificuldades cotidianas e dizer o quanto isso interfere na nossa caminhada. Estou aqui pra puxar a orelha dessa galera que se diz da esquerda revolucionária, mas eles só sabem fazer recorte classista e o fato do Rafael Braga ser preto não importa, só importa o fato dele ser favelado, pois é isso que gera mais mídia pra esse pessoal.

Por falar em recorte racial… Você sabia que os pretos são os maiores empreendedores do Brasil? Pois é, isso acontece porque a gente tá sempre se virando como dá, mas seguimos sem incentivo, e quando alguns ascendem socialmente, eles ainda se esquecem dos que ficaram pra trás, a gente vai falar de Rafael Braga pra esses pretos e eles nem sabem quem é. O tal Ubuntu e “nós por nós” escorre pelo ralo. E os pretos do judiciário então, aqueles que poderiam estar fazendo coisas efetivas pelo irmão, cadê? Tô falando dos advogados e jurisitas num geral, não adianta fazer ato, reunião e etc. e tal se essa galera não colar para fazer algo efetivo. Os pretos que entraram pra política também precisam colar, não dá pra aparecer só pra pedir voto, eu também quero ver a cara dessa galera nessas reuniões e atos, até porque eles são representantes do povo, ou pelo menos deveriam ser.rafael2Analisar todo esse cenário é muito triste, mas são coisas que precisam ser faladas, pois a nossa causa é urgente e a gente não tem mais tempo a perder, é preciso se despir das vaidades e entender que a causa é coletiva, e também é preciso saber que tem gente que não cola nos atos porque falta o da passagem pra se deslocar nessa cidade onde o preço da passagem é um absurdo.

Terça-feira eu estarei lá na reunião da Cinelândia, o Rafael precisa da gente, sua mãe Adriana também precisa da gente. Quem puder ir, chegue com objetividade; quem não puder ir desta vez, até por conta das dificuldades que já citei, pelo menos divulgue a causa, fale com seus amigos, pense em articulações e ações, a gente pode fazer de tudo, só não podemos ficar parados, pois parado a gente tá morrendo, e a gente segue morrendo de diversas formas.

E se você tem grana, mas não pode comparecer aos atos e reuniões, procure por um dos articuladores da campanha, pergunte o que a campanha está precisando, ou então vá direto à mãe do Rafael, ela vai adorar receber a sua ajuda, até porque um preso precisa de grana pra se manter vivo na cadeia.

A propósito, segue os dados da conta da mãe do Rafael Braga:

Banco: Caixa Econômica Federal (104)

Agência: 4064   Conta poupança: 21304-9   Operação: 013

Nome: Adriana de Oliveira Braga

CPF: 148955027-59

A Justiça da Casa Grande – Rafael Braga é mais uma de suas vítimas…

Por: Humberto Salustriano da Silva

O que esperar de uma justiça brasileira com passado colonial e escravocrata e que quase sempre deu razão aos donos de escravos e latifundiários? Esperamos o que é justo? Esperamos que a tal “letra fria da lei” interceda aos que são diariamente submetidos às práticas dos poderosos? Não, meus amigos. O histórico dos homens de toga deste país não nos permite ter tal esperança. A prática secular do judiciário nas terras tupiniquins é marcada por profundo desprezo aos que no passado sofreram com a ponta do chicote, e no presente, padecem pelo bico do fuzil.rafarel-bragaNão são poucos os casos que evidenciam esse percurso histórico da justiça nacional. Na verdade, eles são a regra perversa de uma prática contínua que condena a população negra aos cárceres medievais, na mesma medida em que demonstram a benevolência com os que usam colarinhos brancos e orquestram as verdadeiras redes criminosas. A justiça, por aqui, nunca foi cega. Ao contrário, sua visão certeira e condenatória sempre mirou os despossuídos; aqueles que cujo habeas corpus é apenas uma palavra estranha; aqueles cuja cor da pele (preta) já era por si só, evidência para o castigo.

O jovem Rafael Braga talvez seja o caso mais emblemático desse Brasil moderno/colonial nos tempos contemporâneos. Pobre, negro e morador das ruas e da periferia da cidade, estampou os noticiários do país por ter sido preso nas manifestações de 2013. Foram dias de muita repressão policial por quase todos os cantos do centro do Rio de Janeiro. Milhares de pessoas protestaram por seus direitos mais básicos e como resposta do estado receberam as velhas práticas da violência do cassetete. Foi no bojo desses acontecimentos que Rafael, carregando produtos de limpeza e caminhando pelas ruas da Lapa se viu cercado por agentes da segurança pública e enquadrado como potencial criminoso.RAFAEL-BRAGA-VIEIRAEle não participava de qualquer manifestação. Apenas seguia seu caminho de uma vida muito difícil, sobrevivendo como catador de lixo reciclável e garantindo sua (sub) existência um dia após o outro. Mas nada disso foi suficiente para livrá-lo de sua condenação prévia instituída pelos homens de farda e pela Casa Grande de toga do alto de seu pedestal. Afinal de contas, o que fazia um negro caminhando à noite pelas ruas, justamente em momentos tão conturbados? Era preciso encontrar o criminoso e, Rafael Braga, já carregava em sua pele a evidência histórica das infrações penais que lhes foram atribuídas. Restava agora, o açoite em praça pública.

Não basta apenas condenar para a justiça dos escravocratas. É preciso humilhar. Desencorajar que outros ousem clamar por sua liberdade. Dar o exemplo do que acontece com aqueles que almejam afrontar os donos das canetas que produzem as leis. Exatamente como no passado, quando o som da pele negra sagrando em carne viva pela ponta da vara no pelourinho se fazia ouvir pelos demais negros escravizados na senzala. O recado sempre foi o mesmo: “não tente”.rafffaeRafael Braga foi humilhado. Encarcerado. Posto na solitária por muitos e muitos dias, e na mesma medida em que diversas organizações tentavam apelar por sua liberdade, demonstrando o quão absurdo era sua prisão por portar um frasco de detergente, mais os agentes de toga da Casa Grande insistiam na sua perversidade sádica de condená-lo por um crime que jamais cometeu. Não importa se não existe provas. No país cuja história é atravessada por milhões de africanos encarcerados em quase 400 anos de escravidão, a frieza de um juiz branco que não hesita em aprisionar mais um negro é vista como normalidade intrínseca.

Rafael Braga foi solto. Mas não livre. Passou a viver por um tempo em liberdade condicional, obrigado a usar uma tornozeleira eletrônica como as marcas do ferro em brasa do passado, no corpo do escravo fugitivo. Era mais um fardo que lhes impuseram na vida. Para onde quer que fosse ou caminhasse, ali estaria aquele pequeno aparelho em sua perna o lembrando de que não era de fato livre e alimentando o imaginário de quem o via daquela forma, reforçando os julgamentos diários e o eterno estereótipo de criminoso.rafael bMais uma vez, Rafael Braga foi preso. Mais uma vez, vítima de flagrante forjado. Xingado, agredido com tapas, chutes e ameaçado por policiais, teve plantado em seus pertences, determinada quantidade de drogas para que fosse acusado de ser traficante. Afirmou diante do Juiz o que havia acontecido. Familiares e amigos testemunharam ao seu favor. Mas quem vai acreditar num preto que usa tornozeleira eletrônica? O juiz da Casa Grande sabe bem a quem deve dar crédito. E deu. Bastaram os depoimentos dos agentes de farda “investidos da legitimidade do Estado” e lá estava mais uma condenação ao negro insolente que ainda ousa existir. Foram 11 anos de prisão decretados pelo porte de 0,6 g de maconha e 9,3 g de cocaína atribuídas ao Rafael que, segundo o dono da lei, constatava a sua intenção de praticar o “nefasto comércio”.

Não devemos esperar, portanto, que a justiça venha de um lugar que historicamente condenou a população pobre e negra ao martírio cotidiano. O judiciário brasileiro é dominado por agentes do poder que compartilham do mesmo ethos verificado nas mentalidades escravistas do nosso passado colonial. Enquanto estiver lá, as velhas formas de operar o que se define ser justo ou não, a constituição será apenas e tão somente um instrumento de poder que mantém a nossa costumeira segregação racial. Por enquanto, não temos a menor dúvida. A justiça no Brasil não é cega. “ELA É CLASSISTA, RACISTA E BURGUESA”.

Bandidos e Políticos

Direto e Reto.
Não há o que acrescentar…

Carlos Moore a lenda viva esta entre nós…

Ontem dia 11 de Abril de 2017, tivemos uma oportunidade que é até dificil mensurar o seu valor histórico. Eu estava em casa quando li o post de um irmão que prezo muito por sua luta, dignidade e coragem em dizer o que muita gente prefere omitir ou simplesmente guardar para si e o seu grupinho restrito de amigos.  O post a que me refiro era um convite para assistir uma aula pública ministrada pelo professor Carlos Moore.  De inicio fiquei um pouco receoso, mas como quem havia feito o post era o irmão Renato Gama eu fui. Eu e meu filho adolescente que começa a trilhar o caminho da busca e do auto-conhecimento.  Mesmo sendo um jovem com um talento raro para o futebol ele  preferiu se entregar por inteiro aos estudos, abdicando assim de um possivel bem estar financeiro e a ilusão do conforto que o esporte provavelmente lhe proporcionaria para trilhar o caminho sem volta de um militante das causas socio/raciais no Brasil.  IMG_4638 Chegamos lá e ainda era bem cedo, mas aos poucos a praça começava a se encher de gente que também buscavam assim como nós aproveitar a oportunidade que poderia não se repetir. Vi ali um monte de pretos e pretas que mais do que nunca precisavam ouvir e ver pessoalmente uma boa parte da história do nosso povo sendo contada por uma pessoa que não apenas leu ou ouviu dizer, mas que esteve presente naquele periodo histórico que envolveu a Revolução Cubana, a ascenssão e morte de Malcolm X,  as lutas pelos direitos civis dos negros americanos, o surgimento dos Panteras Negras e tantos e tantos outros epsódios que como num flash passavam a limpo a conturbada história do século XX. IMG_4644Quando de repente surgi um senhor de cabelos brancos, mas ainda bastante vigoroso no seu caminhar, na sua postura e fala.  O homem que apenas com 22 anos, já havia vivido mais do que a maioria das pessoas numa existência inteira. Que como nos conta em um artigo bastante extenso a reporter do El País, Eliane Brum. Nessa idade ele Já tinha conhecido a fome e a violência na pequena cidade cubana onde nasceu, já tinha desejado não ser preto e se esforçado por alisar o cabelo, clarear a pele com produtos arriscados e desachatar o nariz com prendedores, já tinha emigrado para os Estados Unidos e descoberto a luta pelos direitos civis, já tinha se apaixonado por Patrice Lumumba, o célebre líder congolês, e planejado um atentado ao consulado belga em Nova York para vingar-se de seu assassinato, já tinha se encantado com a revolução depois de um encontro com Fidel Castro, já tinha se tornado comunista e voltado a Cuba para colaborar com o processo revolucionário, já tinha descoberto que o regime cubano era tão racista quanto aquele que tinha derrubado, já tinha sido encarcerado uma vez por denunciar que o racismo persistia na revolução, já tinha sido condenado a quatro meses num campo de trabalhos forçados uma segunda vez pelo mesmo motivo, depois de abordar o próprio Fidel Castro em público, já tinha feito uma confissão, para não ser morto, de que havia se equivocado e de que não havia racismo em Cuba, já tinha se refugiado na embaixada da Guiné quando percebeu que seria executado de qualquer modo, já tinha fugido para o Egito e depois para a França, sem nenhum documento, já tinha sido rejeitado por um Jean-Paul Sartre convencido de que ele era “agente do imperialismo”, já tinha sido acolhido por um dos ideólogos da negritude, o grande poeta surrealista martinicano Aimé Césaire, já tinha virado segurança do ativista negro Malcolm X, quando este esteve em Paris, e já tinha sofrido de todas as formas pelo seu assassinato. Isso tudo aconteceu até os seus 22 anos. Depois, aconteceu muito mais.

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Moore diante de uma plateia majoritariamente de jovens  estudantes no Baixo- Meier

Numa praça no Baixo-Meier num evento organizado pelo Leão Etíope do Meier, cujo o nome é Universidade Volante. Tivemos a oportunidade rara de ouvir uma lenda viva o Professor Carlos Moore, foi memorável. Claro que nem todo mundo que estava ali presente concordava com o que estava sendo dito afinal, desmistificar o racismo que muitos carregam consigo desde que se conhecem como gente e que por inumeros motivos não convem aqui relacionarmos, não é lá tarefa facil.  Eu podia ouvir os resmungos de insatisfação advindo de algumas pessoas que não estavam ali para prestigiar, mas para encontrar um pretexto ou mesmo uma brecha que lhe permitisse continuar acreditanto nas mentiras que lhes foram contadas desde o seu nascimento.

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Carlos Moore saindo da aula ao ar livre com um copo d’água nas mão sendo assediado por seus fãs…

Carlos Moore que escolheu o Brasil para viver, talvez, por ter amigos como Abdias do Nascimento (1914-2011). Foi aqui que ele se recolheu para escrever sua autobiografia com tranquilidade, num país onde era quase desconhecido. E aqui também ele pode perceber que o Brasil vivia um ponto de inflexão na luta contra o racismo, com as cotas raciais e as demais ações afirmativas. Que tão duramente eram e são atacadas pelas elites e seus aliados históricos leia-se pseudo brancos de classe média. Como fez por toda a vida,  adaptou-se, engajou-se e foi a luta. Seu livro Racismo & Sociedade (Nandyala), lançado em 2012, tornou-se referência e claro também em  motivo de polêmica. Carlos Moore está longe de ser uma unanimidade, dentro e fora do movimento negro brasileiro, o que parece não preocupá-lo. Seguindo a velha máxima de que toda uninimidade é burra ele continua expondo o seu ponto vista que é o olhar de quem viveu na prática o que diz e não apenas de quem leu ou assistiu um filme Hollywoodiano como tantos por ai.

Não é novidade que o movimento negro no Brasil, históricamente vem sendo aliado da esquerda branca de classe média que foi retirada do poder por um golpe mequetrefe de seus aliados de direita, esses sim comprometidos com o que há de pior no cenário politico mundial. A verdade é que Carlos Moore acabou se tornando um dos grandes pensadores negros dedicados a esse tempo histórico muito peculiar do Brasil, definido pelo próprio Moore como “o momento em que as máscaras começaram a cair”.

Continuaremos…

Por: Prettu Júnior

Ativista histórico do movimento hip hop do Rio de Janeiro e do Brasil

ESTAMOS FALANDO DE 7 MIL JOVENS VINDOS DA ÁFRICA!!!

O Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G), criado oficialmente em 1965, oferece a estudantes de países em desenvolvimento com os quais o Brasil mantém acordo educacional, cultural ou científico-tecnológico, a oportunidade de realizar seus estudos de graduação em Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras.
É administrado pelo Ministério das Relações Exteriores e pelo Ministério da Educação (MEC).africa brasil

Segundo o site oficial do Convênio, os cinco países africanos que mais enviaram estudantes para o Brasil entre os anos 2000 e 2016 são: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, República Democrática do Congo e São Tomé e Princípe.
Neste mesmo período foram 25 países do Continente Africano envolvidos no Programa. Da totalidade de alunos trazidos ao Brasil através do PEC-G, 77 % eram oriundos de países da África, após passarem por um criterioso processo de seleção, isso significa um quantitativo superior a 7 mil jovens.

O Documentário “O lá e o aqui” está em produção, ele faz uma aproximação com alguns destes jovens, buscando através de seus depoimentos, elucidar suas percepções sobre as questões raciais vivenciadas em nosso país.
Nosso objetivo é dar voz a estudantes estrangeiros que vieram ao Brasil com o objetivo de complementarem seus estudos e pesquisas. Jovens oriundos de diversos países do Continente Africano que se lançaram numa aventura em terras brasileiras. Longe de seus hábitos, costumes, valores, familiares e de suas redes de proteção, depositaram sonhos, expectativas, energias em um Brasil idealizado. Os registros incidem sobre o “mito da democracia racial”, o qual, apesar do reconhecimento do racismo na sociedade brasileira, persiste trazendo inúmeras contradições para um projeto antirracista no Brasil. A produção, além de despertar o espectador para uma discussão urgente sobre o racismo, traz vivências destes indivíduos através de seus depoimentos, mostrando que a realidade fatídica de nossa sociedade pode estar muito aquém do imaginário coletivo.

Nós, que admiramos o trabalho que vocês realizam, estamos buscando apoio na divulgação de nosso ProjetoConheça mais sobre o projeto no link:
https://www.facebook.com/olaeoaqui/
Fale conosco no e-mail:
Olaeoaqui.doc@gmail.com

UNIVERSIDADE PAN AFRICANA É INAUGURADA NA ÁFRICA…

O primeiro campus da African Leadership University (ALU) está situado na Maurícia, arquipélago africano no Oceano Índico. A visão dos fundadores do projecto passa por construir 25 campus em todo o continente, introduzindo mudanças na forma de ensinar. Graça Machel, antiga ministra da Educação de Moçambique, será uma das figuras presentes na inauguração oficial, que vai decorrer amanhã, 17, em Port Louis.

Para além dos 25 campus universitários em todo o continente africano, o objectivo é integrar 10 mil alunos por unidade. Nos próximos 50 anos, a instituição pretende formar 3 milhões de líderes africanos. A ALU, no entanto, está aberta a estudantes de todo o mundo.

O primeiro campus da ALU já está em funcionamento na Maurícia, onde neste momento estudam 180 alunos. São provenientes da Nigéria, Gana e Quénia, na sua maioria, mas estão representados cerca de 30 países no total – dois são originários da Jordânia. Angola tem seis estudantes na ALU.alu universidade

O plano curricular é bastante diferente dos sistemas de educação africanos. Dividido num primeiro ano de base e três para a formação específica, o conceito da academia de líderes liga-se com uma ideia de liberdade e de procura individual. E está desenhado para ser um processo contínuo de busca por informação e formação – quebrando a relação clássica entre tutor-aluno e desmaterializando (na teoria, por enquanto) o valor facial do diploma.

A selecção dos professores, aberta a qualquer origem, passa por três fases – e nenhuma das fases olha especialmente para a formação do tutor. A primeira fase de selecção é uma conversa de 30 minutos onde se fala sobre a vida e pensamento do professor. Na segunda fase, a ALU pede para o candidato desenvolver um trabalho, que será depois avaliado. E a terceira fase do processo passa por uma avaliação do que se fez, em conexão com a formação de base e os objectivos da ALU.

Também o processo de selecção dos alunos é aberto. Tudo passa pela experiência de vida e pela sua história pessoal. A ALU identifica potenciais líderes através do seu perfil (há alunos que foram refugiados, que construíram escolas nas suas comunidades, entre outros exemplos).

A ALU cobra USD 10 mil/ano por aluno (com alojamento incluído). Segundo a organização, o custo total da formação para a instituição é de USD 20 mil/ano por aluno. No entanto, os estudantes seleccionados que demonstrem não ter os fundos necessários são financiados pela ALU. Os processos são individuais e analisados caso-a-caso.

Um dos fundadores e principal rosto do projecto é o empreendedor Fred Swaniker, 37 anos, natural do Gana. Swaniker viveu em diferentes países africanos até fazer 18 anos. Depois seguiu os seus estudos nos Estados Unidos da América, onde se formou e trabalhou em grandes empresas. Há alguns anos que pretende ter impacto no continente e escolheu a via da educação.

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